A História da Primeira Foto Tirada no Mundo – E Como a Fotografia Evoluiu
A fotografia é uma das invenções mais fascinantes da história da humanidade. Desde a sua origem no século XIX, ela transformou nossa maneira de registrar memórias, contar histórias e compreender o mundo ao nosso redor. Mas você já se perguntou qual foi a primeira foto tirada na história? Quem a tirou, quando, como e com que tecnologia? Neste artigo, vamos fazer uma verdadeira viagem no tempo para entender como surgiu a primeira fotografia do mundo, quem foi o responsável por essa façanha e quais foram os primeiros passos rumo ao que conhecemos hoje como fotografia moderna.
4/18/202513 min read


🧪 O Contexto Histórico
Antes da invenção da fotografia, a única forma de registrar visualmente uma cena era através de pinturas, desenhos ou gravuras. Artistas como Leonardo da Vinci já experimentavam com técnicas ópticas, como a câmera escura, para obter projeções que ajudavam na criação de imagens mais realistas.
A ideia de capturar permanentemente a imagem projetada por uma câmera escura era um desafio que mobilizou cientistas, inventores e químicos durante séculos. Até que, finalmente, no início do século XIX, uma imagem foi registrada de forma duradoura.
📷 A Primeira Foto da História (1826 ou 1827)
A primeira fotografia reconhecida da história foi tirada por Joseph Nicéphore Niépce, um inventor francês, em 1826 ou 1827, na França. A imagem foi batizada de:
🖼️ View from the Window at Le Gras (Vista da Janela em Le Gras)


Primeira foto do mundo - View from the Window at Le Gras (Vista da Janela em Le Gras)
Essa imagem é considerada a primeira fotografia permanente da história. Ela mostra uma paisagem vista da janela do andar superior da casa de Niépce, localizada na propriedade chamada Le Gras, em Saint-Loup-de-Varennes, na França.
🧪 Como foi feita?
Niépce utilizou um processo chamado heliografia, que consistia em aplicar betume da Judeia (um tipo de asfalto natural) sobre uma placa de estanho. O betume endurecia quando exposto à luz. As partes não expostas eram dissolvidas com óleo de lavanda e terebintina, revelando a imagem.
🕒 Tempo de exposição:
O tempo estimado de exposição para essa imagem foi de 8 horas a vários dias, dependendo das fontes. Isso explica por que a iluminação parece tão uniforme — o Sol se moveu ao longo do dia, iluminando diferentes partes da cena.
👤 Quem foi Joseph Nicéphore Niépce?
Niépce era um inventor francês apaixonado por ciências e inovação. Antes de criar a fotografia, ele já havia trabalhado com motores e outros dispositivos mecânicos. Em sua busca por um método de registrar imagens, experimentou várias substâncias químicas e processos até chegar à heliografia.
Ele também iniciou uma parceria com outro nome famoso da fotografia, Louis Daguerre, antes de falecer em 1833.


🖼️ Evolução da Fotografia Após Niépce
📸 1839 – O Daguerreótipo (Louis Daguerre)
Após a morte de Niépce, Louis Daguerre continuou os experimentos e, em 1839, anunciou o processo conhecido como daguerreótipo. Esse processo utilizava placas de cobre revestidas com prata sensibilizada com vapor de iodo. A exposição à luz era seguida por uma revelação com vapor de mercúrio.
O daguerreótipo foi o primeiro processo comercialmente viável de fotografia e teve enorme sucesso, especialmente em retratos.
Tempo de exposição: reduzido para alguns minutos
Imagem: em alto nível de detalhe, porém sem cópia (era única)
Popularidade: difundido mundialmente até a década de 1850


Daguerreótipo
📸 A Primeira Fotografia de uma pessoa (1838)
Você sabia que a primeira vez que uma pessoa foi registrada em uma fotografia aconteceu por acaso? Em 1838, o inventor francês Louis Daguerre, pioneiro da fotografia, capturou uma imagem do Boulevard du Temple, uma movimentada avenida de Paris. Embora a rua estivesse cheia de pessoas, carruagens e atividade cotidiana, o processo fotográfico da época exigia um longo tempo de exposição – cerca de 7 a 10 minutos.
Por causa disso, tudo o que se movia desaparecia da imagem, ficando invisível ao filme. No entanto, um homem que parou para engraxar os sapatos permaneceu imóvel tempo suficiente para ser registrado na foto, junto com o engraxate. Assim, de forma totalmente inesperada, ele se tornou a primeira pessoa da história a aparecer em uma fotografia.
Esse feito marcou não apenas um avanço técnico, mas também um marco cultural — o início do registro visual da humanidade através das lentes da fotografia.


Primeira foto com uma pessoa
🎞️ Outras Inovações Importantes
🧪 Calótipo (William Henry Fox Talbot, 1841)
Enquanto Daguerre desenvolvia seu método, o inglês Fox Talbot criou o calótipo, que usava papel sensibilizado com nitrato de prata. A grande inovação foi a criação de negativos, permitindo a reprodução de múltiplas cópias de uma mesma imagem.
🌈 Primeira Foto Colorida (1861)
A primeira fotografia colorida permanente foi tirada por James Clerk Maxwell, físico escocês, em 1861. Ele utilizou um sistema de três negativos em filtros vermelho, verde e azul. Essa técnica é a base do sistema RGB usado até hoje.
A fotografia colorida, hoje tão comum nos nossos celulares e câmeras digitais, teve um início modesto, mas brilhante. Tudo começou com uma mente brilhante da ciência: James Clerk Maxwell, um físico escocês mais conhecido por suas contribuições à teoria eletromagnética. Em 1861, ele também entrou para a história como o responsável pela primeira fotografia colorida permanente já registrada.
🎨 O Experimento Revolucionário de Maxwell
Em 17 de maio de 1861, Maxwell apresentou em uma palestra à Royal Institution, em Londres, uma imagem que mudaria a história da fotografia. A imagem em questão era um laço de fita xadrez, fotografado com a ajuda do fotógrafo Thomas Sutton — o mesmo que inventou a primeira câmera SLR (Single Lens Reflex).
Maxwell propôs um experimento baseado no princípio da síntese aditiva das cores: toda a gama de cores pode ser criada pela combinação das três cores primárias da luz — vermelho, verde e azul (RGB). O processo consistia em:
Fotografar três vezes o mesmo objeto, usando filtros coloridos diferentes (vermelho, verde e azul).
Projetar as três imagens com luzes da mesma cor dos filtros usados.
Sobrepor as três projeções em um único ponto.
O resultado? A primeira imagem colorida permanente da história, mesmo que ela tenha sido projetada e não impressa. A fita apareceu com suas cores originais de maneira surpreendentemente vívida para a época.
📌 Curiosidade: Maxwell não era fotógrafo, mas físico. Sua contribuição à fotografia veio de seu conhecimento em ótica e física das cores.


Primeira foto colorida
🌄 A Primeira Fotografia Colorida de uma Paisagem
Hoje estamos acostumados a capturar imagens vibrantes com apenas um clique no celular. Mas houve um tempo em que ver o mundo em fotografia colorida parecia algo impossível. Um marco nessa trajetória foi alcançado em 1877, com a criação da primeira paisagem colorida da história — um momento que mudou para sempre a forma como registramos a natureza ao nosso redor.
👨🔬 O Gênio por Trás da Câmera: Louis Ducos du Hauron
O responsável por esse feito histórico foi Louis Ducos du Hauron Arthur, um inventor e fotógrafo francês. Considerado um dos pioneiros da fotografia em cores, Ducos du Hauron dedicou anos de sua vida a desenvolver técnicas que pudessem traduzir as cores do mundo real em imagens duradouras.
Ele não apenas sonhou com a fotografia colorida — ele criou um processo capaz de torná-la realidade, décadas antes da invenção de métodos comerciais mais amplamente utilizados.
🖼 A Imagem Histórica: "Paisagem do Sul da França"
A imagem registrada por Ducos du Hauron foi intitulada “Paisagem do Sul da França”, uma fotografia que mostra uma tranquila vista natural da região sulista do país. Com montanhas ao fundo, vegetação exuberante e o céu preenchido por tons naturais, a fotografia impressiona ainda hoje por seu valor histórico e pela delicadeza da reprodução das cores.
Diferente das fotos coloridas que vieram anos depois com processos automáticos como o Autochrome, essa imagem foi o resultado de um trabalho manual e científico. Ducos du Hauron usou o princípio da separação das cores primárias da luz — vermelho, verde e azul — para criar sua composição.
🎨 Como Foi Feita?
O método envolvia tirar três fotografias separadas, cada uma com um filtro de cor diferente. Depois, essas imagens eram sobrepostas usando os mesmos filtros na projeção ou combinadas em papel fotográfico através de técnicas complexas de impressão. O resultado final era uma única imagem que reproduzia as cores da cena original de forma surpreendentemente fiel para a época.
🧭 Um Marco no Caminho da Fotografia Moderna
A foto de Ducos du Hauron pode não ser tão famosa quanto a primeira foto colorida de Maxwell (em 1861), mas ela representa o primeiro registro colorido de uma paisagem natural — algo que abriu caminho para que fotógrafos do mundo todo passassem a explorar a natureza com uma nova perspectiva: a das cores reais.
Sua contribuição não foi apenas técnica, mas também poética. Ele mostrou que a fotografia podia ser mais do que preto e branco — podia capturar a essência e a atmosfera dos lugares.


Primeira paisagem colorida
A Primeira Fotografia do Brasil
A fotografia chegou ao Brasil no ano de 1840, apenas um ano após a invenção do daguerreótipo por Louis Daguerre, na França. O Brasil, sob o reinado do jovem Dom Pedro II, demonstrava grande interesse por avanços tecnológicos, e o próprio imperador foi um grande entusiasta da ciência e da imagem. Assim, não surpreende que nosso país tenha sido um dos primeiros fora da Europa a conhecer e experimentar a nova arte de capturar a luz.
Embora exista certa divergência entre os historiadores sobre qual exatamente foi a primeira fotografia tirada no Brasil, há dois fatos fundamentais e complementares nessa história.
O registro mais amplamente aceito como a primeira fotografia feita em solo brasileiro foi realizado em 16 de janeiro de 1840, por Louis Compte, um abade e fotógrafo francês que chegou ao Rio de Janeiro trazendo um daguerreótipo, a mais moderna invenção da época. Ele realizou uma demonstração pública da técnica em frente ao Paço Imperial, no Terreiro do Paço — o que hoje é conhecido como Praça XV, no coração do Rio de Janeiro. O cenário urbano foi escolhido propositalmente para impressionar o público e a corte com o poder da nova tecnologia.
Essa imagem, que registrava justamente a fachada do Paço Imperial, é considerada por muitos pesquisadores como a primeira fotografia tirada no Brasil. Não se tratava de um retrato pessoal, mas de uma paisagem urbana — um marco não só técnico, mas também simbólico. Fotografar o centro político da monarquia brasileira logo em sua estreia era uma clara demonstração de poder e modernidade.
Contudo, outras fontes históricas indicam que, logo após essa demonstração, foi feito também um retrato do jovem Dom Pedro II, com apenas 14 anos, tornando-se assim o primeiro retrato fotográfico realizado em solo brasileiro. Embora esse daguerreótipo também tenha se perdido, os registros escritos da época dão conta de que o imperador ficou maravilhado com a técnica e logo começou a colecionar imagens e incentivar o desenvolvimento da fotografia no Brasil. Ele inclusive manteve contato com fotógrafos renomados e foi o responsável por estimular a vinda de vários profissionais europeus ao país.
Portanto, pode-se dizer que o Brasil teve, de forma praticamente simultânea, duas “primeiras” fotografias: uma da Praça XV e o Paço Imperial, como cenário urbano, e outra como um retrato do imperador Dom Pedro II. Ambas foram realizadas no mesmo contexto, com o mesmo equipamento e, possivelmente, no mesmo dia.
Infelizmente, nenhuma dessas imagens originais sobreviveu ao tempo. Elas são conhecidas apenas por meio de relatos de jornais e crônicas da época. Ainda assim, a importância desse momento não se perdeu. A chegada da fotografia marcou profundamente a cultura visual brasileira, abrindo espaço para uma nova forma de registrar a história, os rostos e os espaços do país.
Nos anos que se seguiram, a fotografia se espalhou pelas cidades brasileiras, primeiro como uma curiosidade da elite e depois como ferramenta documental. Grandes nomes como Marc Ferrez e Victor Frond ajudaram a eternizar paisagens, construções, eventos históricos e figuras importantes do Império. O Paço Imperial, local da primeira fotografia conhecida no Brasil, permanece até hoje como um símbolo dessa virada tecnológica e artística.
Assim, mesmo sem termos as imagens originais para contemplar, sabemos que foi ali, no centro do Rio de Janeiro, sob o olhar de um imperador curioso e de um inventor visionário, que a luz se transformou em memória pela primeira vez no Brasil.


Primeira foto do Brasil
A Primeira Selfie da História: O Autorretrato de Robert Cornelius
Hoje em dia, tirar uma selfie é algo tão comum quanto respirar. Com um simples toque no celular, capturamos momentos, sorrisos e paisagens para compartilhar com o mundo. Mas você sabia que a primeira selfie da história foi tirada muito antes da invenção dos smartphones — ainda no século XIX?
A autoria desse feito pioneiro pertence a Robert Cornelius, um jovem norte-americano apaixonado por ciência, química e, claro, fotografia. Em 1839, ele registrou o primeiro autorretrato fotográfico do mundo — o que muitos historiadores consideram, com justiça, a primeira selfie da humanidade.
Quem foi Robert Cornelius?
Robert Cornelius nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1809. Filho de um imigrante holandês que possuía uma fábrica de lâmpadas, ele cresceu em meio a experimentos químicos e materiais metálicos, o que mais tarde seria essencial para seu envolvimento com a fotografia.
No ano de 1839, o mundo ainda estava se maravilhando com o anúncio do daguerreótipo, o primeiro processo fotográfico prático, apresentado oficialmente na França por Louis Daguerre. Cornelius, sempre curioso e autodidata, estudou essa técnica por conta própria e fez ajustes no processo com base em seus conhecimentos de química.
O Momento da Primeira Selfie
Foi durante uma dessas experiências que, em um dia de outono de 1839, Robert Cornelius posicionou sua câmera artesanal do lado de fora da loja de sua família, removeu a tampa da lente, correu para se posicionar em frente ao equipamento e ficou ali parado por aproximadamente 15 minutos — o tempo necessário para que a imagem fosse registrada na placa de prata sensível à luz.
O resultado foi uma imagem em preto e branco, ligeiramente embaçada, mas surpreendentemente clara para os padrões da época. Nela, Cornelius aparece com o cabelo desgrenhado, postura relaxada e um olhar direto para a câmera — uma expressão que, séculos depois, poderia facilmente ser vista em qualquer rede social.
Na parte de trás da imagem, ele escreveu com orgulho:
"The first light Picture ever taken. 1839."
("A primeira fotografia com luz já tirada. 1839.")
Essa inscrição reforça não apenas a importância histórica da imagem, mas também a consciência de Cornelius de que estava participando de um momento extraordinário da história.
Por que essa selfie foi tão importante?
A imagem de Robert Cornelius é mais do que uma simples curiosidade histórica. Ela marca o início da fotografia como meio de expressão pessoal. Até então, retratos exigiam pinturas longas e custosas. Com a chegada da fotografia — e, principalmente, com o autorretrato de Cornelius — nasceu a ideia de que qualquer pessoa poderia capturar a própria imagem, ainda que com esforço e paciência.
É interessante pensar que essa primeira selfie foi feita com uma exposição longa e muita preparação, contrastando com a rapidez e espontaneidade das selfies de hoje. No entanto, o princípio é o mesmo: o desejo de registrar a si mesmo, de eternizar um momento.
O Legado de Cornelius
Robert Cornelius não se dedicou à fotografia por muito tempo. Pouco depois desse feito, ele voltou a trabalhar com lâmpadas e refinamentos metálicos, e se tornou um empresário de sucesso. Mas o impacto da sua contribuição permanece até hoje.
A imagem original da selfie histórica está preservada na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e é frequentemente lembrada em exposições e livros sobre os primórdios da fotografia.
Mais do que uma curiosidade, a selfie de Cornelius representa um marco na humanização da tecnologia fotográfica. Em vez de usar a câmera apenas para reproduzir objetos ou paisagens, ele olhou para si mesmo — e, sem saber, inaugurou uma nova forma de comunicação visual que só cresceria ao longo dos séculos.


Primeira Selfie do mundo
📌 Curiosidades que Marcaram o Início da Fotografia
Você sabia que a placa original da primeira fotografia do mundo, tirada por Joseph Nicéphore Niépce em 1826 (ou 1827), ficou esquecida por mais de um século? Ela foi redescoberta apenas em 1952 e atualmente está cuidadosamente preservada na Universidade do Texas, em Austin. Essa imagem, conhecida como View from the Window at Le Gras (Vista da Janela em Le Gras), exigiu um tempo de exposição de cerca de oito horas — ou até mais, segundo algumas estimativas modernas.
O termo "fotografia" também tem uma origem curiosa e simbólica. Ele foi cunhado em 1839, a partir do grego "phōtós" (luz) e "graphê" (escrita ou desenho), formando a expressão poética “desenhar com luz” — uma definição perfeita para o que a câmera começou a representar a partir daquele momento.
✨ Conclusão: De uma Janela Francesa ao Mundo
A história da fotografia começou de maneira modesta, com uma imagem granulada e quase sem contraste, tirada da janela de uma casa no interior da França. Mas mesmo com todas as limitações técnicas, aquela primeira tentativa capturou algo mágico: o tempo congelado em luz.
Desde então, a fotografia evoluiu de maneira extraordinária. Do daguerreótipo ao filme, do filme ao digital, e agora com a inteligência artificial ajudando até na composição da imagem, cada clique conta uma história. As câmeras se tornaram extensões dos nossos olhos e memórias.
Conhecer as origens da fotografia é como olhar para uma velha foto de família: nos faz perceber de onde viemos, o quanto evoluímos e o que queremos eternizar. Seja um momento simples ou grandioso, cada imagem carrega um pedaço do tempo, um traço da emoção, um recorte do mundo.
Agora que você conhece essa jornada incrível, que tal registrar seu próximo clique com um olhar mais atento e sensível? Afinal, cada fotografia que tiramos hoje carrega um pouquinho da história que começou lá em 1839 — com luz, paciência e uma boa dose de curiosidade.